Wednesday, December 23, 2009

Feliz Navidade, Feliz Natal, Happy Birthday Guadalupe

Boas Festas a todos. Um novo ano, uma nova canção de Natal dos The Killers. Aqui ficam em dose tripla... primeiro Happy Birthday Guadalupe, deste ano, e depois A Great Big Sled, de 2006 e finalmente a minha preferida, Don't shoot me Santa do ano passado.








Já sabem, boas festas e tal.

Thursday, November 26, 2009

Estou a ler...



A Estrada de Cormac McCarthy.


O rapaz e o pai. A estrada, coberta de neve e cinza. A mesma cinza que enche o ar à sua volta e que são obrigados a respirar. Dois seres débeis, cansados, sujos e esfomeados, permanentemente enregelados com frio na paisagem desolada (wasteland). Sãos os únicos, são "aqueles que transportam o fogo" num mundo moribundo de humanidade. O revólver com duas balas. Uma possibilidade em aberto. Depois uma bala e a estrada que conduz até à costa. À salvação?
Grande romance, Cormac MacCarthy escreveu com mestria esta história sombria que estou a devorar, quase como se as páginas fossem ficando vazias à medida que vou lendo. Aqui e ali, vou sentindo semelhanças na minha disposição com a que tinha enquanto li pela primeira vez Ensaio sobre a Cegueira.
E também vem aí uma adaptação para cinema com Viggo Mortensen.

Friday, November 20, 2009

Whatever works

Vi ontem este pequeno grande filme de Woody Allen. Regressou a casa para mais um filme em Nova Iorque depois de Londres e Barcelona e, independentemente do valor de Match Point e Vicky Cristina Barcelona, é neste cenário que eu gosto de o ver. Para além disso volta a um registo no qual temos uma personagem central completamente neurótico, pessimista, misógino (um pouco à imagem de outras personagens interpretadas pelo próprio Allen) e que no fundo é um génio com mau génio brilhantemente interpretado por Larry David (que conhecemos da série de televisão Curb your Enthusiasm). Consegue-nos cativar apesar da estranheza e mau temperamento da sua personagem (um efeito que Hugh Laurie consegue tão bem com o seu House). Também se destaca Evan Rachel Wood que tem uma presença absolutamente luminosa no ecrã.
Não é o filme do ano, mas é um excelente filme. Aqui fica o trailer:
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Saturday, November 07, 2009

Ainda a religião

Tal como dizia na resposta ao comentário do grande Luís Pinto, há dezenas de livros bem mais agressivos em relação a Deus do que o de Saramago. Apresento aqui um excerto de Comboio Nocturno para Lisboa que me ocorreu por ser um dos livros que estou a ler actualmente:

"«Deus castiga o Egipto com as pragas, só porque o faraó se mostra inflexível», disse então, «mas foi o próprio Deus que o fez assim! E fê-lo assim para depois poder demonstrar o seu poder! Que Deus vaidoso e presumido! Que gabarola insuportável!»"

ou ainda

"«Acho uma religião em cujo centro se encontra uma cena de execução repugnante (...) Imagina que teria sido uma forca, uma guilhotina ou um garrote. Imagina como é que teria então sido o nosso simbolismo religioso.»"

Mas a questão fundamental é que não acredito que Saramago tivesse como intenção causar choque ou perplexidade, muito menos indignação, estava apenas a escrever um livro. O que devemos analisar, mais do que as palavras escritas no livro e as reproduzidas pela comunicação social, é a reacção da sociedade. Parece que hoje temos que ser partidários ou da Igreja, da moral e bons costumes ou de Saramago e das suas ideias blasfemas. Vivemos num mundo a preto e branco em que o extremismo não nos permite parar para reflectir.

Em última análise é apenas um livro, uma obra de ficção que não tem que ofender ninguém e muito menos as suas crenças religiosas. Que os seus editores estão satisfeitos com a polémica, não duvido. Também espero que o tempo em que os livros eram proibidos e queimados não volte.

Thursday, November 05, 2009

Religulous

Numa altura em que se fala tanto de religião por causa das provocações do nóbel José Saramago (espantoso como consegue ainda ser refrescante e suscitar debate), deixo aqui uma sugestão mais ligeira enquanto não leio Caim. Trata-se de Religulous, um documentário (género de que começo a gostar cada vez mais) com o comediante Bill Maher que tenta demonstrar que as doutrinas das principais religiões do mundo são tão credíveis como contos de fada. Tipo Jonas e a Baleia... Jonas viveu três dias dentro de uma baleia... ok. O mais ridículo de tudo é que as pessoas com quem fala encaram os seus livros sagrados literalmente, não como uma alegoria. Pega nas estapafúrdias revelações da Cientologia e ao compará-las com a Bíblia, até se tornam algo credíveis. Aqui fica o trailer. Lets look at the traila.

Monday, November 02, 2009

Projecto sem nome inspirado em Homeless Giant Parte I

I
Lembro-me como foi. Era verão, as pessoas pareciam absurdamente felizes por abandonarem, por uma ou duas semanas, as suas vidas. Como manadas, com a mesma vibração com que todos os dias atravessavam pontes para ir trabalhar e enfrentavam a longa espera, migravam de norte para sul e de este para oeste. Os automóveis, rugindo em competição, enchiam as estradas. Nas cidades de paragem, os negócios prosperavam, vendiam-se cafés ali, cozido à portuguesa em outro local, pinhoadas e camarão do rio na Ponte, recordações feitas de barro. Os comerciantes, antigos homens do campo, viam-nos chegar e partir enquanto contavam os euros que lhes iam enchendo a registadora. Quem ficava no norte e no interior, queimava o tempo a ver ciclistas, futebolistas e festas em directo pela televisão. Tentavam esquecer a pouca sorte de não se poderem juntar aos seus vizinhos naquele êxodo.
As televisões e os jornais enchiam-se de notícias que não eram notícias, de reportagens que nada reportavam, de entrevistas a pessoas conhecidas que tinham as suas verdades a anunciar ao mundo como o seu restaurante preferido, ou quem pensavam que ia vencer o campeonato de futebol, ou se preferiam bolos com ou sem creme. As notícias rareavam, os jornalistas com discernimento estavam de férias. Eram só cães a morder homens.
Até que, de repente, surgiu a notícia. De início, um repórter bronzeado tentando fazer humor com a situação, a tentar transformar a notícia numa não-notícia ou num sketch humorístico. Ao seu lado, todos procurávamos a cara envergonha sob o peso daquela chacota. Mas não víamos mais que a cintura de alguém andrajosamente vestido.
Quando a câmara num ângulo impossível lhe captou a face apontando para o céu, fiquei incrédulo. Aquela cara, eu que a tinha tentado esquecer com tanta força, perseguia-me na minha própria televisão.

Monday, October 26, 2009

Amália

Tentei ficar indiferente a toda a conversa sobre os 10 anos da morte de Amália Rodrigues. Consegui fazê-lo com sucesso mesmo (ou talvez até por isso)com o lançamento de discos de homenagem e de (tele)filmes e livros que contam a vida da diva. Até que, esta sexta feira à noite conduzia e ouvi na Antena 1 um programa extraordinário. Muito simples: apenas frases soltas de Amália falando sobre ela e sobre os seus gostos, de uma forma tão singela que chegava a parecer a minha vizinha do lado, entrecortadas por fados interpretados pela própria. Foi aí que, pela primeira vez, com "ouvidos de ouvir", escutei esta música com um poema de Amália e me encantei. A voz, já sem a pujança da juventude mas num tom moldado pela experiência e pelo sofrimento. Tenho para mim que a perfeição é irmã da simplicidade. Esta música só o confirma.

Lágrima, Amália

Monday, September 28, 2009

Reflictam... sejam um pouco preguiçosos

A Preguiça

Um idiota preguiçoso continua sempre a ser um idiota! E um preguiçoso inteligente é alguém que reflectiu acerca do mundo em que vive. Não se trata, pois, de preguiça. É tempo de reflexão. E quanto mais preguiçoso fores, mais tempo tens para reflectir. E é por isso que, no oriente, isso se designa por filosofia oriental...A maior parte das pessoas tem tempo. Quanto mais se desce para sul, mais encontramos profetas, magos, pessoas que reflectiram sobre o mundo.
Albert Cossery

Serviço Público

É uma hora da manhã de domingo e a RTP vai agora começar a transmitir Volver de Pedro Almodovar. Há umas semanas por volta das onze começava um filme com o Steven Seagal que acabou por volta da uma. Só a seguir foi transmitido Irreversible de Gaspar Noé. É bom cinema europeu, pena é que a RTP tenha como prioridade mostrar-nos uma porcaria qualquer de porrada e, só depois cinema de qualidade. Eu, como cidadão pagador de impostos (e de que maneira...) tenho que me queixar. Vou agora enviar uma queixa ao provedor, como amanhã é dia de acordar cedo, não posso ver o filme e só depois enviar a queixa.
Vidas...

Wednesday, September 02, 2009

No leitor de cds do carro

A minha companhia no novo trajecto Aljustrel - Castro Verde - Mértola:



David Bowie - Life on Mars
entre muitas outras grande músicas do Camaleão como Sufragette City, Ziggy Stardust, Space Oddity, Heroes, The Man Who Sold The World, Diamond Dogs...


PS: tentem ouvir a versão do Seu Jorge desta música.

Monday, August 31, 2009

Mais filmes de fim de semana

Outro filme que vi, e ainda bem que já despachei isto de uma vez por todas, foi Seven Pounds. Este é um daqueles tear jerkers pretenciosos que tenta comover com uma história trágica contada recorrendo a uma montagem sem ponta de originalidade e com um twist final mais previsível que a vitória do Porto no campeonato. Tem alguma virtude? Tem, um desempenho um pouco acima do razoável de Will Smith.
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Filmes do fim de semana

Comprei uns filmezinhos este fim de semana (apesar da crise, ou melhor talvez por causa da crise, podemos encontrar uns dvd bem baratos). Um dos filmes que me chamou a atenção de imediato foi uma edição de coleccionador toda à maneira de Monty Python's The Meaning of Life. É a longa metragem mais delirante e absurdamente hilariante da história do cinema e era um filme há muito tempo em falta na minha dvdteca.
Deixo aqui um excerto memorável com uma critica à Igreja Católica que seria hoje controversa, nem consigo imaginar como seria em 1983.

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Tuesday, July 07, 2009

A Cinemateca deu cabo de mim

Um blog interessante sobre cinema cujo autor tem gostos cinematográficos com os quais me identifico. Fala de maneira despretenciosa sobre a 7ª arte não se focando apenas nos lançamentos mais comerciais. O melhor é verem a divertida amostra a propósito do filme A Ressaca.


A igualdade entre os sexos tem de funcionar nos dois sentidos, pois então. Não podem ser apenas as mulheres a terem fenómenos cinematográficos que lhes são exclusivamente destinados. Está bem. É verdade que há os westerns e os filmes de ficção científica, os filmes de terror alimentados a machadada e sangue e tudo o que Kevin Smith fez ao longo da sua carreira. Mas não me lixem o argumento, sim? Até porque está calor e não me apetece pensar noutro. Com tanto sexo na cidade, diabos a vestirem Prada e shopahólicas a confessar-se, nós, pobres homens discriminados, precisamos também de filmes que reflictam de forma estereotipada as coisas que nos definem. Filmes que esqueçam as relações amorosas, os orgasmos e os sapatos de marca e que se debrucem sobre bebedeiras, mamas e peidos. A Ressaca é um filme desses. Pode não ter sido a primeira vez que se traz para o ecrã uma expedição masculina desregrada à mítica Las Vegas, mas há um esforço notório orientado por Todd Phillips, um veterano do género (Old School, Road Trip, Starsky and Hutch), para ir além do óbvio. Não se podendo qualificar como hilariante, os momentos cómicos são frequentes e eficazes e o enredo confere um propósito à narrativa, impedindo que se transforme numa sucessão de rábulas embriagadas.

Wednesday, July 01, 2009



Descobri há pouco tempo a arte comprometida de Eric Drooker. Aconselho a visita aqui a quem sentir alguma coisa vibrar lá dentro com esta amostra.

Thursday, June 25, 2009

Não há fome que não dê em fartura. Já dizia o meu avô e tudo o que ele diz costuma ser verdade. Há uns tempos havia centenas de professores de inglês. Muitos não conseguiam encontrar trabalho, outros não estavam simplesmente dispostos a fazer sacrifícios. Aceito isso, apesar de não compreender muito bem. Hoje, talvez por causa das aulas de Inglês no 1.º ciclo, por causa do boom de formação a que assistimos este ano, formações estas que, invariavelmente, têm uma componente de língua estrangeira, há cada vez menos professores de inglês disponíveis para dar formação. Isso leva a que as ofertas de contratos sejam cada vez mais frequentes. O problema é que, estando nós a recibo verde, não estamos em condição de dizer não sob o risco de vermos fecharem-se-nos portas. Este mês, a sobrecarga de trabalho é de tal ordem que vou trabalhar em média 14 horas por dia: seis a dar formação, quatro no CNO e mais umas quantas em casa a corrigir trabalhos e reflexões. A minha questão é: como posso assegurar qualidade a quem me paga, trabalhando tantas horas diárias cinco dias por semana? Não me posso queixar por trabalhar muito, houve um poema chamado Desiderata que me ensinou a valorizar o trabalho, mas também foram meses como o que se aproxima que me ensinaram a valorizar o descanso.


Aqui fica o tal poema que traduzi numa aula deste senhor.

Desiderata

Go placidly amid the noise and the haste,
and remember what peace there may be in silence.

As far as possible, without surrender,
be on good terms with all persons.
Speak your truth quietly and clearly;
and listen to others,
even to the dull and the ignorant;
they too have their story.
Avoid loud and aggressive persons;
they are vexatious to the spirit.

If you compare yourself with others,
you may become vain or bitter,
for always there will be greater and lesser persons than yourself.
Enjoy your achievements as well as your plans.
Keep interested in your own career, however humble;
it is a real possession in the changing fortunes of time.
Exercise caution in your business affairs,
for the world is full of trickery.
But let this not blind you to what virtue there is;
many persons strive for high ideals,
and everywhere life is full of heroism.
Be yourself. Especially do not feign affection.
Neither be cynical about love,
for in the face of all aridity and disenchantment,
it is as perennial as the grass.

Take kindly the counsel of the years,
gracefully surrendering the things of youth.
Nurture strength of spirit to shield you in sudden misfortune.
But do not distress yourself with dark imaginings.
Many fears are born of fatigue and loneliness.

Beyond a wholesome discipline,
be gentle with yourself.
You are a child of the universe no less than the trees and the stars;
you have a right to be here.
And whether or not it is clear to you,
no doubt the universe is unfolding as it should.

Therefore be at peace with God,
whatever you conceive Him to be.
And whatever your labors and aspirations,
in the noisy confusion of life,
keep peace in your soul.

With all its sham, drudgery, and broken dreams,
it is still a beautiful world.
Be cheerful. Strive to be happy.

Tuesday, June 16, 2009

Para a Cris

Andei desde dia 3 de Junho à procura desta música na web para a colocar aqui só para ti. Finalmente encontrei-a. Parabéns por me aturares tanto tempo.



não ligues ao vídeo, o importante é a música.

Thursday, June 04, 2009

Let The Right One In

Quando era miúdo, adorava filmes de vampiros. Lembro-me de ter cinco/seis anos e de ver, às dez da noite (o que para mim naquela altura era quase madrugada) um qualquer filme de vampiros com o Christopher Lee. Continuei a gostar e na minha adolescência vi, até à náusea, filmes como Entrevista com um Vampiro de Neil Jordan, Aberto até de Madrugada de Robert Rodriguez, e, principalmente, Drácula de Bram Stoker de Francis Ford Coppola. Chegava a saber quase todas as falas do filme, como aquelas em que Gary Oldman dizia: "I never drink... wine" ou "they say you are a man of... good taste". Mas vi recentemente um filme sueco que superou até mesmo o de Coppola no topo das minhas preferências e é um dos melhores filmes que vi este ano - o seu título em Inglês é: Let The Right One In. Aconselho este filme intimista, muito belo e até comovente sobre a relação entre um jovem atormentado pelos colegas e uma vampira de mais ou menos doze anos (depois de verem o filme vão perceber o porquê do "mais ou menos"). Fica aqui o trailer para acabar de vos convencer.
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Tuesday, May 19, 2009

The Revolution

Ouvi ontem na rádio quando ia para casa esta música cuja letra me prendeu a atenção. Foi no programa da noite do Rádio Clube Português. Interessante.



You will choose to stay at home, brother.
For you will be able to do everything you need from your potato couch.
You will be able to don your virtual helmet and experience the Revolution on 360 degree
all-round CGI.
You may choose to view as manga, or Hanna-Barbera, as the Hair-Bear bunch.
Because the Revolution will be televised.
The Revolution will be brought to you by Apple Mac or PC World, with Nokia and Motorola providing SMS updates.

The Revolution will show pictures of hopefuls queuing overnight for the latest audition.
The Revolution will be sponsored by Gap, the Khaki-and-Camel collection,and it will star me as you.

You will play yourself, or Brad Pitt playing you. Or you playing Brad Pitt playing you.
The Revolution will be smoked, snorted, injected, chased or vapourised.

It will be recorded on mini-DV and kept in the pocket. The Revolution will be digitised, then transferred to all available formats.
It will appear on your favourite CD as the BONUS TRACK!
You will be able to procure it cheap on VHS or pay a little bit more for the extra footage on DVD. Betamax will be available for the old-schoolwho are more gun shoe than gumshoe, with their shell-toes and grips. The Revolution will shoot from the hip.
The Revolution will be scratched, spun back and sampled as a loop.

It will appear as the red button on your remote control.
The Revolution will operate a job-share, or flexi-time option, so you can have it at ... your ... leisure.
Because the Revolution will be digitised.
The Revolution will be permed, highlighted and set.

It will have its own award ceremony, with the biggest winners unable to attend except for via live satellite link, because of their current Revolutionary commitments.
The Revolution will be a teacup in a storm, or a bottle in a message, or a door to a key.
The Revolution will always come with fries.
Because the Revolution will be televised.
The Revolution will be hard, my brothers, because it will use Viagra, camagra, Araldite-ing, hardening of the arteries, in order to fit inside Ronald’s Happy Meal box as the free gift.

The Revolution will have a new twist sponsored by Levi, with a sticker campaign written in an illegible graffiti-style font.
Because the Revolution will be a d v e r t i s e d.
And pay-per-view will have a whole new meaning, brothers.

The Revolution will be available for Gameboy this falland X-Box and Gamecube today.
The Revolution will be televised will be televised will be televised, brothers.Because the Revolution is alive.

Wednesday, April 29, 2009

Onde os chacais perseguem,
Ainda antes do pôr do sol,
Os caminheiros famintos de olhos cobertos de pó;

Onde o vento morto sopra abandono
e evoca o tempo do fruto;

Na sombra fria do amadurecer,
A terra sangra um rio doloroso
do seu coração impoluto.

Thursday, April 09, 2009

E pronto, com Clint Eastwood é cada tiro cada melro. Não faz um filme mau ou desinteressante mas, de vez em quando, aparece um filme como Gran Torino. Fantástico. Clint Eastwood é tão grande atrás das câmara como à frente delas, um gigante que faz jus ao título de último grande realizador clássico de Hollywood. Dá corpo a uma personagem quase real da qual gostamos quase incondicionavelmente por não ser perfeita. Para mim, foi simplesmente um dos três melhores filmes do ano passado.
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Depois vi The Reader. É um filme também bastante interessante com um desempenho justamente agraciado com vários prémios da Inglesa Kate Winslet. Falar muito sobre o enredo seria desvendar uma semi-surpresa que acabaria por fazer com que a experiência de apreciar este filme fosse um pouco menos agradável.
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Finalmente, para algo completamente diferente, uma comédia louca e bastante original com uma malta que, para mim, é responsável pelo que de melhor se tem feito na comédia nos últimos tempos. O filme chama-se Pineapple Express e penso que, apesar do sucesso nos EUA, em Portugal não terá estreia nas salas, passando straight to dvd. É uma pena porque acho que, com uma boa campanha por detrás, seria um sucesso entre nós. Aqui fica o trailer.
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Tuesday, March 17, 2009

Filmaço

Que grande filme, cru, verdadeiro, com sangue e suor genuínos, não há fingimentos (o que é irónico tendo em conta que fala de um desporto que assenta nesse fingimento). Há muito tempo que não sentia tanta empatia com uma personagem como com este Randy the Ram, alguém fragilizado que tenta encontrar um espaço fora dos ringues mas que é empurrado para lá. Espantoso Mickey Rourke. Lembrei-me de autopsicografia assim de repente...



e a música de Bruce Springsteen nos créditos finais... Que filme.
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Wednesday, March 11, 2009

Filmes, filmes e mais filmes

Tenho andado nos últimos tempos a gastar cada segundo do meu tempo livre a ver filmes. Vi muitos dos filmes presentes na gala dos oscars e vi também outros que estavam na minha shortlist há algum tempo.
Primeiro que tudo, e porque a quantidade não é qualidade, apenas dois deles me encheram as medidas: Slumdog Millionaire e The Curious Case of Benjamin Button. Dois triunfos, o primeiro por contar uma história simples recorrendo apenas a um excelente argumento, montagem e realização. É um filme notável que entusiasma, a empatia com o trio de personagens é imediata também por culpa da direcção de actores que consegue extrair dos três miúdos o necessário para que isso aconteça. No filme de David Fincher há também um excelente trabalho em relação ao argumento, pegaram numa short story e criaram material suficiente para um filme memorável com uma interpretação prodigiosa de Brad Pitt. Pode não ser um actor como Sean Penn, mas escolhe magnificamente os papéis que representa.
De entre os filmes nomeados, a maior desilusão foi Revolutionary Road. Talvez não o tenha visto com o estado de espírito necessário para o apreciar. Na minha opinião há história, trabalho de actores e uma excelente e contida realização, no entanto, não me cativou.
Já vi Choke e, como acontece quase sempre com adaptações, o livro é imensamente superior. É uma comédia banal, demasiado escatológica. Não que o livro não falasse desses temas, a abordagem é que me parece diferente e desajustada.
Maradona by Kusturica emocionou-me. Gosto de Maradona genuinamente e foi para mim um encanto ver alguém que gosta de futebol mas também se interessa pelo mundo que o rodeia acompanhá-lo e mostrar estas facetas do maior jogador de futebol do mundo.
A surpresa foi Knocked Up. Esperava uma comédia ligeira mas encontrei um grande filme sobre o amadurecimento e o medo de assumir responsabilidades. Esta trupe composta por Judd Apatow, Seth Rogen, Paul Rudd e Jason Segel (jutamente com o comparsa James Franco) começa a tornar-se um caso sério e constitui um novo fôlego na comédia. Tenho-os seguido desde a série Freaks and Geeks que por cá passou na SIC Radical. Ver também Pineapple Express que também é produzido por Apatow (e que em Portugal passou directamente para o mercado DVD) e The 40 Year Old Virgin que o mesmo realiza.

Muitos mais há para ver (The Wrestler, Gran Torino...), vou mantendo notícias.
Ainda não me tinha pronunciado sobre a festa dos Oscares da Academia. Primeiro deixar uma salva de palmas a Hugh Jackman, o sucesso da cerimónia passa em parte pelo talento que demonstrou como anfitrião.

De seguida vamos ver se as minhas previsões se verificaram:

Comecemos pelas más notícias, não consegui adivinhar o vencedor do prémio para o melhor actor. Sabia à partida que era renhido entre Mickey Rourke e Sean Penn mas estava mais inclinado para o primeiro. Também nunca na vida esperaria que Penelope Cruz vencesse na categoria de Melhor Secundária mas, a partir daqui, um mar de rosas. Slumdog Millionaire, venceu oito galardões e os prémios para melhor actriz e actor secundário foram entregues a quem eu tinha esperado. Foi uma boa noite, com pouco descanso mas muito entusiasmo e riso, em especial com esta apresentação das comédias de 2008:

Friday, February 13, 2009

Ando a ler



Diary de Chuck Palahniuk (o que eu gosto deste tipo)

É um dos autores dos nossos dias. Atingiu o conhecimento do grande público (no qual me incluo) com a adapatação do seu romance Fight Club ao cinema por David Fincher (o mesmo que realizou The Curious Case of Benjamin Button). Este ainda agora comecei mas parece-me ter uma linguagem mais poética do que Lullaby ou Choke.

O outro livro que ano a ler (isto de ler dois livros ao mesmo tempo é uma novidade para mim...) é Ecstasy de Irvine Welsh. Tanto Welsh como Palahniuk, têm em comum o facto de se terem tornado mais conhecidos pela adapatação de romances seus ao grande ecrã, no caso de Welsh Trainspotting de Danny Boyle (o mesmo que realiza Slumdog Millionaire). Apercebi-me, mesmo agora enquanto escrevo, da coincidência que constitui o facto de estes dois realizadores que adaptam livros de autores que estou a ler estarem, este ano, em competição na cerimónia dos oscar com dois dos melhores filmes que vi em muito tempo (mas isso são contas de outro post).
Ecstasy é um livro de contos que não foge ao estilo de Welsh. Centra-se em comunidades que pertencem a culturas muito específicas, no caso do primeiro conto (que quase dava um romance) um conjunto de pessoas fãs de música electrónica. Também é extremamente divertido e invulgar que é o que se procura quando se passa dias inteiros a ler histórias de vidas no trabalho.

Friday, January 23, 2009

Oscars

Ouvi ontem pelo caminho as nomeações para os Oscar da Academy of Motion Picture Arts and Sciences. Ainda que não tenha visto muito dos filmes não posso deixar de ter alguns favoritos, não que pense que sejam os que têm mais hipóteses, mas aquele que gostaria de ver a receber a estatueta dourada.

Melhor Actor

Há muita competição, qualquer um tem boas hipóteses. Gostaria que fosse entregue a Sean Penn, um actor que admiro e que, como homem, também é uma pessoa interessada pelo que se passa no mundo em que vive. Prova disso é a sua personagem em Milk. Também não ficava nada chateado se o entregassem a Mickey Rourke por The Wrestler pelo factor surpresa que constitui este regresso improvável de Rourke.
Melhor Actriz











Este prémio dificilmente deverá fugir a Kate Winslet que, recorde-se, venceu também o Globo de Ouro. É uma actriz magnífica embora nesta categoria, por vezes aconteçam surpresas.

Actor Secundário


Heath Ledger merece este Oscar a título póstumo e acredito que o venceria mesmo se estivess vivo. Este Joker vai entrar directamente para a nossa consciencia colectiva como uma das grandes figuras da cultura pop. Convém não esquecer que é um filme de super heróis, o que poderá acarretar algum preconceito por parte dos membros mais conservadores da Academia. Para esses pergunto: "Why so serious?"
Actriz Secundária
Aqui é como no totoloto. Não simpatizo muito com Penélope Cruz porque acho que uma actriz deveria ser capaz de fazer convincentemente qualquer personagem. Ela é um pouco limitada. É bonita, isso é verdade, mas nunca poderá fazer outra personagem que não uma latina e aquele sotaque quando fala Inglês dá-me cabo dos nervos. Aposto em Amy Adams. Porquê? Por muitas razões, principalmente porque sim.
Finalmente, porque me vou restringir apenas às categorias principais, deixo aqui as minhas previsões optimistas (tradução foleira de "wishful thinking") em relação aos galardões de Melhor Filme e Realizador. Aposto tudo num cavalo. Danny Boyle e o seu Slumdog Millionaire. Por outro lado, não me surpreenderia se a Academia decidisse premiar Milk ou mesmo o The Curious Case of Benjamin Button. Entre estes dois últimos preferia que vencesse o segundo que é de um dos meus realizadores favoritos da actualidade, David Fincher.
A vantagem de fazer isto com esta antecedência é só que, daqui a um mês, se eu falhar ninguém se recorda. Se eu acertar vou recordar toda a gente. Já está marcado na minha agenda: dia 23 de Fevereiro- dia livre para recuperar as horas de sono perdidas na madrugada anterior.

Radiohead



Uma excelente música e um video com mensagem.

Monday, January 12, 2009

Mr. Danny Boyle

O grande vencedor dos Globos de Ouro foi um senhor a quem eu venho chamando de Novo Kubrick: Danny Boyle que venceu os prémios para melhor realizador e melhor filme dramático pelo seu mais recente trabalho, Slumdog Millionaire.
Mas não o digo por ter ganho estes prémios, digo-o pela versatilidade. Kubrick realizava de modo brilhante filmes de ficção científica, guerra, comédia, épicos de época, etc, sem que o génio esvanecesse ao sabor do género que filmava. Penso que o mesmo acontece com Danny Boyle, que tem feito de tudo e de tudo tem feito bem. Fez e bem ficção científica com Sunshine, fez comédia com Millions, Terror com 28 Days Later, drama com The Beach e tem como sua obra prima, pelo menos até à estreia de Slumdog Millionaire, o magnífico Trainspotting. Aqui fica o trailer do seu mais recente e premiado filme.
Vi no youtube (onde mais poderia ser?), por acaso, estes dois videos com músicas dos Arcade Fire. Acontece que o video pertence a dois grandes filmes e isso transpira em cada imagem que aqui surge, mesmo que a banda sonora que os acompanha tenha sido escrita anos depois e sem pensar nas imagens.
No primeiro video, a música é My Body is a Cage e o filme é o ponto de climax do épico de Sergio Leone, Once Upon a Time in the West. No segundo, a música é Intervention e o filme O Encouraçado Potemkin de Sergei Eisenstein. Espero que gostem tanto como eu, mesmo que não sejam apreciadores dos Arcade Fire.