Thursday, January 27, 2005

Porque sim, sempre porque sim!

Vamos lá contar as armas
tu e eu, de braço dado nesta estrada meio deserta
não sabemos quanto tempo as tréguas vão durar...
há vitórias e derrotas apontadas em silêncio
no diário imaginário onde empilhamos as razões para lutar!

Repreendo os meus fantasmas ao virar de cada esquina
por espantarem a inocência quantas vezes te odiei com medo de te amar...
vejo o fundo da garrafa
acendo mais outro cigarro
tudo serve de cinzeiro
quando os deuses brincam é para magoar!

Vamos enganar o tempo
saltar para o primeiro combóio
que arrancar da mais próxima estação!
Para quê fazer projectos
quando sai tudo ao contrário?
Pode ser que, por milagre,
troquemos as voltas aos deuses

Entre o caos e o conflito
a vontade e a desordem
não podemos ver ao longe
e corremos sempre o risco de ir longe demais
somos meros transeuntesno passeio dos prodígios
somos só sobreviventes
com carimbos falsos nas credenciais.

Jorge Palma, Passeio dos Prodígios

Monday, January 10, 2005

Interjeições verbais cuspidas à velocidade de um jacto de esperma no momento em que desova o primeiro ovo do Dr. Salazar. Cuidado senão constipa-se e os dentes saem tortos das gengivas da galinha da minha vizinha Lurdes de Fátima. O coração do abutre quer um espanador: "O homem é um espanador, não um aspirador, caralho!"
Rua acima até à praça do giraldo, esta trip é maligna... panteras circenses posam para a câmara, sorri à foto, foda-se japoneses do caralho, deixem cá o guito é hora de almoço e tenho poucos dentes para roer a bucha. Se o pão sabe a merda a culpa é do governo do Cavaquistão filhos da puta do caralho. As pedras da calçada gemem sujas de vómito, olham para mim com olhos de desenho animado japonês. Frota de pesqueiros de tijolos da noruega, haviam de comer bostas de caracol filhos da puta ranhosos. Anda para o carrosel Manuel Maria AM/FM muda de posto Sargento do Entrecosto de Vaca e Entremeada da Mealhada. Merda do vinho está doce, parece xarope de mijo do Camilo e do Eça. Colares o Caralho do Espanhol, li no Borda d'Água. Tá na hora de colher tomates à tesourada, dão uma boa salada com óleo de motor usado. A rua desce mas eu fico parado e alheado de duas trutas encostadas à esquina à procura de uma canivete canadiano para fingirem ser o justiceiro a falar com o Kit do Schumacher como se falasse com Alá. Sentem-se no caralho mais mal enjorcado que fodeu as tetas da tua mãe, a ministra dos assuntos bem internos e inteiros de 50cm. Foda-se doem os olhos, cores a mais, são sempre horas de limpar o pó à tralha.
Sinto bem aquele gajo despenteado que me olha no vidro q a imitar-me, filho de um cabrão, fodo-te o juízo, vou desmaiar no horizonte, perdido entre dois boing 707 licença para despenhar.

Na minha mente sensível, a existência surge como uma extensa prisão, melhor: como uma ilha de dimensão considerável rodeada de desconhecido. É esta ilha uma prisão de muitos homens que não se conhecem nem a si mesmos nem nunca poderão conhecer. Amam como quem odeia, vivem como quem morre, beijam como quem mata! Esperam pelos filhos e depois abandonam-os como os pais os abandonaram. Menos cruel seria devorarem-nos à nascença. Procuram alívio para as suas culpas em drogas que lhas hipotecam com elevados juros. São seres divididos entre não-existências. A fuga é possivel mas incerta. Há monstros ambíguos nas águas do mar. O que fazer quando as águas sobem até à ilha? Não há por onde fugir de nós próprios, daquilo que não queremos conhecer.