"«Deus castiga o Egipto com as pragas, só porque o faraó se mostra inflexível», disse então, «mas foi o próprio Deus que o fez assim! E fê-lo assim para depois poder demonstrar o seu poder! Que Deus vaidoso e presumido! Que gabarola insuportável!»"
ou ainda
"«Acho uma religião em cujo centro se encontra uma cena de execução repugnante (...) Imagina que teria sido uma forca, uma guilhotina ou um garrote. Imagina como é que teria então sido o nosso simbolismo religioso.»"
Mas a questão fundamental é que não acredito que Saramago tivesse como intenção causar choque ou perplexidade, muito menos indignação, estava apenas a escrever um livro. O que devemos analisar, mais do que as palavras escritas no livro e as reproduzidas pela comunicação social, é a reacção da sociedade. Parece que hoje temos que ser partidários ou da Igreja, da moral e bons costumes ou de Saramago e das suas ideias blasfemas. Vivemos num mundo a preto e branco em que o extremismo não nos permite parar para reflectir.
Em última análise é apenas um livro, uma obra de ficção que não tem que ofender ninguém e muito menos as suas crenças religiosas. Que os seus editores estão satisfeitos com a polémica, não duvido. Também espero que o tempo em que os livros eram proibidos e queimados não volte.
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