Tuesday, May 24, 2005


Sentado no canto mais escuro da noite
A noite mais escura- a noite da traição

Um amigo que nos fere
É beber leite materno envenenado
É abraçar mil lâminas como a um irmão
É ver a máscara de ferro fundido cair com estrondo
e apertar no ponto mais frágil de um coração que baixou a guarda
É ouvir das Fúrias o grito derradeiro
É sentir a fragância putrefacta do caixão...

E desconfiamos das sombras familiares
E em sobresalto rejeitamos afecto
E acabamos frios como um rochedo
Sem que ninguém ouse chegar-se perto.

2 comments:

Heavenlight said...

É verdade. A traição por parte de um amigo em quem confiamos é das coisas que nos podem magoar mais profundamente. Deixa-nos amargos, à defesa, e fecha-nos em nós próprios. Essa mágoa está descrita no teu poema de forma genial. É isso mesmo... está tudo aí.

MAR said...

Obrigado pelos comentários. São um estímulo enorme para continuar não só a publicar este blog mas também a escrever. Nem vale a pena dizer-vos que os elogios são exagerados, mas é sempre bom recebê-los. Fico mais contente por me compreenderem do que por gostarem. Como já disse à Heavenlight: partilhar a nossa dor e vê-la espelhada nos outros torna-a mais aceitável e humaniza-a. Obrigado!
E um beijo para ti também Nox, sabes que também te admiro muito.
É pena não poder mais ler o teu blog:(