Saturday, October 08, 2005

um texto de "o vermelho no escuro"

Vêm ao longe
as ressonâncias

Abrem-se fendas
na pedra dos ossos
que estalam
em gemidos plangentes.

A carne
estremece
em crateras de dor.

A alma
foragida
procura o reencontro com o útero.

O caminho
sem caminho
o caminho procura

A loucura
enxameia
em ondas de espuma viscosa de azeviche
a existência singular.


A vida
faz-se
de sangue vermelho.

De negro
se faz
o poema.

António Ricardo Mira

5 comments:

Anonymous said...

Tu não me digas que o "homem" também escreve poemas?! Deve ser daqueles quase perfeitos, não?! - Os que já não existem... :)
Este poema é lindíssimo! Os últimos tercetos são perfeitos!!!!!!! A Vida e o Poema são mesmo isso - definições admiráveis!
Sandra Martins

Anonymous said...

Então,M... Isto está abandonado... Tens de vir cá mais vezes :(
Beijo grande!
s.m.

MAR said...

E eu estou muito feliz por ver que voltaste à blogosfera com a paixão e qualidade a que nos habituaste. Ainda bem!
Beijo

Anonymous said...

Muitas mesmo...:(

MAR said...

sim, muitas saudades de vocês...