Águas fétidas sepultam exércitos de eras distantes.
As armas brilham como peixes carnívoros.
Dentes afiados que apodrecem.
Não sopra o vento, mas se soprasse seria o cheiro da morte,
Do sepulcro vandalizado pelo tempo.
Pontes inacabadas e suspensas por fios invisíveis.
“A luz não é real” – disse alguém imerso na escuridão, olhos vazios.
“As criaturas rastejantes são desagradáveis à vista, mas agradáveis ao tacto”.
Toquei-lhe na anca e a morte sorriu.
2004
3 comments:
Finalmente de volta.
Bjs Eva
Muito bom mesmo :)
Bem... que regresso espantoso! O poema é perfeito. Adoro a perversidade e o render ao inevitável. Adoro o cenário de trevas e a mensagem. Adoro a negação! A LUZ é real, é preciso abrir a alma e o coração. Muito bom, amigo e… as melhoras da gripe!
Deixo-te, também, algumas palavras sobre "palavras" do "meu" poeta.
"Nós não podemos dominar a móvel rede do sentido
nem alisar o líquido tapete das analogias
Cada palavra é uma abertura para o insondável
antes de ser uma relação horizontal com as outras palavras
(...)
É o inconcebível infinito o seu puro nada
que nas palavras ressoa com a incandescência do ser"
António Ramos Rosa, As Palavras, p.17.
1 beijo
S.M.
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