Saturday, October 08, 2005

um texto de "o vermelho no escuro"

Vêm ao longe
as ressonâncias

Abrem-se fendas
na pedra dos ossos
que estalam
em gemidos plangentes.

A carne
estremece
em crateras de dor.

A alma
foragida
procura o reencontro com o útero.

O caminho
sem caminho
o caminho procura

A loucura
enxameia
em ondas de espuma viscosa de azeviche
a existência singular.


A vida
faz-se
de sangue vermelho.

De negro
se faz
o poema.

António Ricardo Mira

Poema embriagado

Bebo
Bebo sem medo
A alma no copo
A alma do corpo

Bebo sem medo
Do ridículo
Vinículo

E encontro-me no espelho outra vez
E saúdo alguém que não quero ser
E o álcool diz que eu não sou aquilo
Por isso traz-me prazer


8/10/05