Friday, July 29, 2005

Para vos entreter nas férias:

Acende mais um cigarro, irmão
inventa alguma paz interior
esconde essas sombras no teu olhar
tenta mexer-te com mais vigor

abre o teu saco de recordações
e guarda só o essencial
o mundo nunca deixou de mudar
mas lá no fundo é sempre igual

E agora, que a lua escureceue a guitarra se partiu
D. Quixote foi-se embora
com o amigo que a tudo assistiu
as cores do teu arco-íris
estão todas a desbotar
e o que te parecia uma bela sinfonia
é só mais uma banda a passar

A chuva encharcou-te os sapatos
e não sabes p'ra onde vais
tu desprezavas uma simples fatia
e o bolo inteiro era grande demais
agarras-te a mais uma cerveja
vazia como um fim de verão
perdeste a direcção de casa
com a tua sede de perfeição

Tens um peso enorme nos ombros
os braços que pareciam voar
tu continuas a falar de amor
mas qualquer coisa deixou de vibrar
os teus sonhos de infância já foram
velas brancas ao longo do rio
hoje não passam de farrapos
feitos de medo, solidão e frio

Jorge Palma

Apesar do tom pessimista, para mim é uma canção feel-good, como muitas do Jorge Palma. Vou ouvir isto muitas vezes estas férias. Adeus e até ao meu regresso!

Friday, July 22, 2005

Ontem li: (do meu amigo poeta) II

Rainy Day Like Any Other

Wind and water flowing outside,
Thoughts and pictures through an empty mind,
Myself and I alone tonight.
While every rime I make ends with an “I”…

A concept of modern poetry,
A new concept in quatrains,
Recalling myself of the great before me,
A new concept in an old portrait.

Words becoming verses
Verses becoming stanzas,
Leaving the quarter verse behind.

Seven:

Motion and stillness,
Action and routine,
Sound and silence,
Echoes…

Seven days a week
Twelve months a year,
All years in a lifetime!

Recalling myself of the great before me,
The ones that knew how to write,
The ones that were modern
Without living in these modern times.

I remember the days before the rain,
The moments, the hours and the time long gone,
While I listen to this song,
Of raindrops at my door.

All this and nothing,
Today,
On this rainy day,
Like any other!


N. J. Smith

Wednesday, July 13, 2005

Hoje sinto-me assim:

"No calor da febre que me alaga toda a fronte
Sinto o gume frio da navalha até ao osso
Sinto o cão da morte a bafejar no meu pescoço
E a luz do sol a fraquejar no horizonte
Já desfila trémulo o cortejo do passado
Que me deixa quedo, surdo e mudo de pesar
Vejo o meu desgosto na beleza do teu rosto
Sinto o teu desprezo como um dardo envenenado (...)
Sopra forte o vento na fogueira que arde em mim
Sinto a selva agreste nos batuques do meu peito
No cruel caminho em que me lança o desespero
Sinto o gelo quente do inferno do meu fim..."
Adolfo Luxúria Canibal